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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Felicidade Clandestina

Dos títulos de Lispector escolhi Felicidade Clandestina para estreia. Difícil escolha, pois as palavras da grande musa da literatura merecem interpretação e reflexão, a leitura não fluiu, mas fiquei com o sincero desejo de me encontrar em uma situação de felicidade legalmente clandestina. 

O vi a primeira vez em uma vitrine, de longe seu colorido me chamou a atenção, cheguei mais perto e... to ferrada! Sai inebriada. Eu que-ro! Quero! É liiiiiiindo! Após algumas horas de suspiros voltei pra vida real,  lembrei que ele não se encaixa no estilo de vida que eu levo, lembrei no desconforto, lembrei do quanto ele custava e, ploft! Foi-se a nuvem de encanto, deixando em minha memória as lindas imagens dele!

Fiz jejum de sapatos altos depois de muito sentir meus pés doloridos. A pelo menos três anos eu não compro mais sapatos desnecessários. Concluí que a melhor parte de usar um salto é poder descer dele e ficar descalça novamente. Inseri em minha vida o conforto ao invés da estética e assim me mantive, ou melhor me mantenho. Isso sem contar na industria da moda e no capitalismo que são os vilões seduzindo as mulheres centopéia. Ok, decidido! Disse a mim mesma, esquece aquele sapato, como se estivesse dizendo a uma amiga "esquece aquele cara".

Alguns meses se passaram e ontem por puro acaso passei novamente em frente a loja e na vitrine enxerguei uma faixa que dizia: liquidação! Liquidação para cérebro da mulher é como cerveja gelada para cérebro masculino. Quase afrodisíaco! Entrei na loja e sem rodeios pedi a vendedora meu objeto de desejo. Filho único de mãe solteira, meu número! Calcei, amei! Me senti tão apoteótica em cima daqueles 10cm que quase sambei em frente ao espelho da loja de tão feliz! Eu vou levar! É meu!

E assim, sem pensar, ou depois de muito pensar e sonhar eu voltei para casa abraçada no pacote, com um sorriso lá na orelha e finalmente compreendendo Lispector. Felicidade clandestina é se despir dos próprios conceitos e se vestir de uma sincera e prazerosa ilegalidade!


                             

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