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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Bistrô!

Consumir e consumar! Há muita diferença. Consumir sacia o desejo momentâneo. Enquanto o consumar tem todo um contexto envolvido. O consumir é fast food, vai lá sacia a vontade e vai embora. O consumar senta a mesa, conversa, escolhe o prato, saboreia, desfruta, bebe, pede sobremesa e tudo mais a que se tem direito para prolongar aquele momento!

Fast food tem apelo comercial, sedutor e imediatista. Algo que não vejo só em restaurantes que vendem alimentos de qualidade duvidosa, mas que cumprem seu papel de "enganar" a fome. Digo enganar porque o corpo não é nutrido. Mata-se a fome mas agregam-se poucos nutrientes.
Ultimamente tenho observado que cada vez mais nós, seres humanos, nobres mortais, estamos tornando-nos fast food's. Os primeiros sinais vemos nos corpos, muitas vezes cuidadosamente lapidados em mesas de cirugiões e em academias. Todos os recursos e tecnologias da estética são instalados: plástica, bronzeamento artificial, silicone, tatuagem, lipo aspiração, mega hair,
cilios postiços... Isso sem falar no figurino, preferencialmente se as roupas forem de marcas badaladas.
Mas tudo isso para quê? Quando se monta uma estrutura já se pensa na serventia. Um corpo dentro dos padrões de beleza atrai olhares, que despertam desejos e dos desejos vem os prazeres, em sua maioria efêmeros. Estamos nos transformando em parquinhos de diversão? O seio maior, o cabelo mais bonito, o abdomem mais sarado fazem de muitos de nós as principais atrações de uma feira de vaidades! É isso que se busca de fato? Nossos corpos que eram para ser o templo da nossa alma acabam ganhando novas atribuições.

Sei que há muita gente que cuida da aparência por questões de saúde ou mesmo de auto estima, o que é o correto, nosso corpo é sagrado, deve ser bem cuidado e preferencialmente com acesso restrito. Quem inventou que para uma mulher ser gostosa tem que ter seios fartos e bunda saliente? E que os melhores homens são aqueles de p**** grande? O pobre individuo criador desta teoria certamente não sabia que a mulher gostosa é aquela que provoca e sacia. E que o melhor homem também possui esta mesma caracteristica.

Mas felizmente existe uma outra opção mais nobre além dos fast food's. São os bistrôs, eles não estão em pontos comerciais, afinal não são focados na quantidade mais sim na qualidade do que servem! Bistrôs são para quem busca algo que sacie não só a fome, mas que também agregue outros valores e nutrientes a sua dieta. Os bristôs são frequentados por quem possui um paladar refinado, por aqueles que querem descobrir algo novo, menos óbvio, intimista, charmoso e surpreendente. Se os bistrôs fossem pessoas trariam em seu semblante um contentamento e uma beleza que precisa de um olhar muito sensível para percebê-la. À primeira vista não arrancam olhares e estão longe de ser unanimidade. Os bistrôs são para os seletivos.

Não é fácil lutar contra a maré, quando todos correm em busca do que a midia expõe, do que a sociedade julga como padrão, dos valores duvidosos e efêmeros, ainda haverão os que correm por fora, em busca do que realmente interessa. Que possuem seus próprios valores e um "paladar" que não se contenta com o que se oferta em toda a parte. A esta minoria minha admiração. O que se consuma, muito me interessa!



PS 1:
E ai? Fizeste uma reflexão? Qual é a sua proposta? O que você, seu corpo, sua mente e suas atitudes estão querendo? O que tem saciado a sua fome de viver? Está bonito, sarado e na moda? Ou está feliz consigo mesmo e despreocupado com o que os outros vão pensar?

PS 2: Segundo o dicionário,
Consumar: Efetuar, praticar, terminar, completar-se!
Consumir: Aniquilar, gastar até o fim, enfraquecer, abater, comprar para uso próprio!

Um comentário:

  1. Concordo com o tom geral de desaprovação à massificação. Contudo, o mercado tem seu papel de seleção que, embora deva ser regulado, não pode ser ignorado. Quero dizer isso, por exemplo, no sentido de que se hoje em dia há o padrão das "belas, loiras e magras", antigamente não foi assim. Nos séculos XVIII e XIX, por exemplo, a beleza estava nas gordinhas (a magreza era vista como sinal de doença).
    Penso que se submeter de forma acrítica aos padrões do mercado é estupidez, mas ignorá-lo por completo também o é. Meu paladar não se torna menos refinado por saborear fast-food. Se na próxima década, por algum motivo qualquer o bistrô virar a bola da vez, o diferente (outsider) vai ser aquele que se der ao luxo de fazer uma refeição rapidinho.
    Acho legal demarcar uma contra-tendência, mas apontar uma solução ideal, que tenha como próposito negar o consumo de massa só por ser de massa, beira quase a utopia. Fiquemos com o meio termo: crítica da realidade, mas reconhecimento do que ela tem de bom - mesmo que a "sociedade assim o considere".
    Na vida, descobrir o único, o singular, o raro, é fundamental, mas, para isso, não é preciso eliminar o "óbvio", negá-lo a todo custo. O óbvio" tem seu valor e ele pode sim coexistir perfeitamente com o singular.

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